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  • Foto do escritorMarco Diehl

Via seca não é barro nem argila

Atualizado: 15 de mai. de 2023

"Perito" argumentando que via seca é de segunda linha porque queima menos que via úmida. Também disse que via seca é feita de argila, barro. E que via seca é mais porosa...


Recuperado e vivo, após ouvir tais argumentações, explico:


👉 Cerca de 80% de tudo que é fabricado em via seca ou via úmida no Brasil é do grupo de absorção BIIb que tem porosidade entre 6 e 10%;

👉 É o grupo de absorção que permite a maior aderência da argamassa porque "absorve" a água, o cimento e os aditivos da argamassa e assim a chance de descolamento é menor;

👉 Ocorrem mais casos de descolamento no grupo BIIb simplesmente porque a produção é muito maior se comparada à via úmida (também falamos sobre isso aqui). Produz mais, usa mais, podem ocorrer mais casos quando o assentamento é malfeito e com argamassa inadequada;

👉 Via seca não é feita de barro ou de argila comum como tijolo, por exemplo. Tudo fica vermelho quando queima tijolo ou nossas cerâmicas porque aqui existe o corante natural "óxido de ferro".


O polo cerâmico de Santa Gertrudes nasceu e cresceu sobre um grande "depósito" de matérias primas para fabricação de cerâmicas via seca.

Municípios da Bacia do Corumbataí (território do Projeto Geoparque Corumbataí). Fonte: André Kolya (2018)

A área denominada Formação Corumbataí se destaca do resto do Brasil pela grande quantidade de feldspato sódico mineral que age como poderoso fundente durante a queima de nossos revestimentos cerâmicos.

Uma montanha de pedra que precisa ser dinamitada. Um verdadeiro "sanduíche" de rochas e outros minerais depositados em camadas durante os diversos períodos da formação da Terra.

Aspecto geral de uma frente de explotação de calcário dolomítico da Formação Irati (cd = calcário dolomítico; icf = intercalação calcário/folhelho; sfc = siltitos da Formação Corumbataí). Fonte: http://www1.rc.unesp.br/igce/ceapla/atlasv3/geologia.php

As matérias primas são retiradas e misturadas antes de serem moídas sem água, em seguida recebem um pouquinho de água para formar uma "massa" com 10% de umidade e permitir a prensagem no formato inicial da cerâmica.


A mistura das matérias primas tem cor clara antes da queima e se tornam avermelhadas após a queima coloridas pelo óxido de ferro que faz parte da sua composição.

Veja como a placa "encolheu" após a queima.


Durante a queima entra em ação o fundente feldspato que promove a sintonização (entenda com greseificação) de onde vem o termo grés.


O feldspato funciona como uma "cola" unindo o pó de todas as matérias primas e as transformando novamente em uma pedra cerâmica na forma de uma cerâmica.


Daí o "perito" diz que são cerâmicas mal queimadas, blá-blá-blá... Vejam o tamanho de nossos fornos:

Tudo fica incandescente à 1.200 graus. Temperatura que nem o aço resiste.


Não satisfeito, o "perito" argumenta que o tal pozinho branco no verso da cerâmica impede a aderência da argamassa. O tal pó é caulim, o mesmo que está presente em todas as argamassas colantes, no contrapiso, no reboco, no concreto...




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