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  • Foto do escritorMarco Diehl

Perfil de obras com descolamento

Atualizado: 9 de mai. de 2023

Um estudo sério feito em mais de 200 obras durante 4 anos (Anfacer, CCB, Universidades) reunindo especialistas em todo o sistema de revestimento, traçou um perfil das obras com a patologia:


👉 Alvenaria estrutural

👉 Multipavimentos

👉 Aplicação direta sobre alvenaria sem nivelamento

👉 Argamassa "dentro da Norma"

👉 Mão de obra terceirizada


Identificaram também que as maiores ocorrências aconteceram entre 1 e 2 anos da obra. Explico.


Alvenaria estrutural


Está sempre em movimento.

Não tem pilar, não tem viga e o bloco (ou parede de concreto) tem que segurar o prédio.

São obras que "sobem" muito rápido e que vão se acomodando com o tempo.

Calor, frio, vento, vibração, peso dos móveis durante ocupação "movimentam" todo o sistema que é esbelto e menos rígido. Afinal, o bloco tem que assumir tudo sozinho, sem coluna, pilar ou viga para dividir.


Multipavimentos


Quanto mais alto, mais problemas. Laje, bloco, laje, bloco e por aí vai...

Mais alto, mais peso, mais instabilidade.

Aplicação direta sobre bloco ou parede de concreto


Assim, sem nivelar: cerâmica, argamassa colante, bloco.

Excluem chapisco, emboço e contrapiso transferindo para a argamassa colante todas as tensões que antes eram absorvidas pelo sistema.


Argamassa "dentro da Norma"


Unir e fixar é função da cola! Estou errado?

Para cada tipo de material um tipo de cola e procedimento de colagem.

Daí criaram uma norma para argamassas colantes para obras com estrutura convencional com coluna, pilar, bloco usado apenas para fechar a parede.

Mas continuaram valendo as mesmas normas para alvenaria estrutural com o bloco tendo que fechar a parede e segurar o prédio!

Vejam acima a norma de argamassa:

AC1 e AC2 têm a mesma aderência. O que muda é o tempo em aberto (aquele antes de formar película que impede a aderência na cerâmica).

Só que o tempo da Norma é avaliado em laboratório com temperatura, umidade controlados e sem vento. Também usam uma base com absorção controlada que retarda a secagem, espátula perfeita, bate, esmaga. Tudo bonitinho.


Mas nas obras as condições são bem diferentes.

Principalmente os corredores de vento que aceleram a formação da película a poucos minutos. O que eram 20 minutos, viram menos de 5.

Daí o azulejista que ganha por produção espalha argamassa em boa parte da parede, não molha o bloco e por aí vai. O bloco absorve rapidamente a água e os aditivos da argamassa, "se garante" e nada sobra para a cerâmica fazer o mesmo.

É sempre assim: argamassa aderida na alvenaria e fundo da cerâmica apenas "carimbado".

Cerâmica nunca esteve realmente colada, calor, frio, calor, frio até que uma hora tudo vai pelos ares.


Voltando à norma de argamassa, vejam que na última coluna tem uma letra E indicando que para locais com vento o tempo em aberto deve ser maior (estendido) por pelo menos 10 minutos. Ou seja, AC2 deveria ter tempo em aberto 20 + 10 minutos para não formar película.


Daí eu pergunto: o comprador, o pessoal de projeto e de padronização sabem disso?

Agora vejam que existe outra característica importante que é a resistência ao deslizamento para evitar que as cerâmicas colocadas na parede escorreguem e os pequenos pontos de fixação da argamassa no verso da cerâmica sejam "rompidos".

Novamente, será que alguém falou para o comprador?


O grande erro é comprar argamassa colante pelo preço ou norma. Problema na certa!


Mão de obra


Quando terceirizada ganham por produção.

Além disso, usam suas próprias ferramentas, uma delas a desempenadeira dentada, fora de padrão, desgastada, recuperada com Makita. Assim, cada azulejista adota padrões próprios.

Como paredes não mentem basta retirar uma placa aleatória para confirmar o erro.

Falta de fiscalização


Papel não segura barragem, avião ou cerâmica.

Na maioria dos casos até existe procedimento executivo, mas poucos seguem ou fiscalizam.

Azulejista recebe parede e laje desnivelada, suja e acaba atuando como faxineira e "escultor".

Na frente tudo muito lindo, mas por trás os problemas ficam escondidos e só vêm a público quando não há mais o que fazer.

Estagiários com pouco ou nenhum conhecimento acabam exercendo a função de fiscalizadores daquilo que ainda não entendem. Então descola e geram lindos relatórios ou contratam aqueles "peritos" para ajudar a justificar um erro que poderia ser evitado já na fase de projeto.




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